16.8.11

a gaveta

Esteve tão aberta um dia, tão arrumadinha. Aos poucos foi se fechando sem necessariamente ter todo seu conteúdo guardadinho, dobradinho, segmentadinho, organizadinho. Ao contrário do que se espera, estava bagunçada, bem bagunçada.
Como essas coisas funcionam esquisito, né? Eu fecharia a gaveta sem grandes cerimônia, sem lagos de lágrimas. O azedo passou tão rápido, ficou só aquele doce sabor "memória". E as coisas, que nem mais tinham um elo, foram degringolando, desenrolado e mostrando um monte de rebarbas cortantes. Uma droga! As necessidades foram se perdendo, sem transmutando em necessidades fúteis e orgulhosas. Toda a palavra ponteaguda ali não tinha por quê. tudo o que foi dito não tinha que ser mesmo dito, foi dito por orgulho, para desabafar algo que precisava "sair" só de um lado. Para obter os ouvidos atentos, teria de encarar a lábia afiada e todo o resto de insultos e ...
...uma droga!
Eu peso, mas não mais com peso. Peso de triste, de ressentimento mesmo. O peso da responsabilidade de ser alguém que eu não sou não me cabe mais.
Às vezes me acho extremamente egoísta por pensar em mim e olhar para mim com certa frequencia, mas em outras vezes acabo achando tão natural e óbvio que precise fazer isso.
Eu não quero saber o que pensa sobre mim. Sinceramente, dizer que "a pessoa na qual eu me transformei" não faz o mínimo sentido. Ainda estou indignada com isso. Como ousa dizer que sabe quem eu sou hoje? Você já soube quem eu fui ontem??? Aposto que você nunca soube realmente, haja vista que eu mesma me perdi tantas vezes do caminho de me "saber". Quão prepotente! Por Deus! A síndrome do "eu sei tudo" já te custou e vai custar mais e mais caro. Precisei dizer, mas nem devia. Devia deixar a vida te ensinar mais uma vez "Julgue e será julgado".

Aposto que daqui há um tempo vou apagar isso achando um absurdo gastar meu espacinho para despejar toda essa...seilá.

Não sei como eu aguentei tanto tempo esse peso! Não consigo entender como suportei tanto tempo essa cobrança de te dizer quem você era o tempo todo, de ser quem você esperava para você acreditar que estava no caminho certo e, por consequencia, saber que era alguém. Hoje eu vejo nitidamente o que eu não quero para mim. A doença de precisar de outra pessoa não é para mim e não quero que seja. Não saber ficar só não é o que eu quero para mim. Por isso, tenho me dado esse tempo, tenho me resguardado e até sofrido. Para não ser como você.

Analisando os perfis que geralmente se encaixam, encontrei onde é que eu erro, onde é que atraio coisas que aos poucos vão me sufocando. Desabafo é desabafo, né, e geralmente é afiado e disposto a cortar.

Estou decepcionada justamente por não esperar nada além da sua vida correndo, da sua luz brilhando, de ver você crescendo e estar em algum canto do mundo torcendo por você. encontro você assim, pronta para a briga, com um rio de mágoas prá despejar na minha bacia. Não mais!

Eu hoje lembrei e encontrei pedaços do que já foi por vários cantos. Estranho ver toda essa bagunça acontecendo com o que já foi bonito... um dia foi, certo?
A minha barriga anuncia o desconforto e o desgosto de ver tudo desmoronado assim como foi avisado há tempos. " ...vocês vão acabar não se suportando". E a culpa foi tão sua que eu te detesto por isso!!! Dava para ser algo tranquilo, juro que dava, idiota! Apagar alguém que me foi querido, perceber que as coisas são assim, que as pessoas vão embora quando não têm mais o que queriam de você...essa parte dói, mas não mata (claro!).

Graças a Deus eu te disse e tinha para mim já claro que, enquanto tudo estivesse seguindo o fluxo esperadamente normal, teria uma pessoa amiga ao meu lado. Se isso tudo passasse, se eu te privasse daquilo que você queria e/ou não me quisesse mais, não mais haveria o que andar por perto. Estou achando traiçoeiro o que vejo. Isso é mal.

Bipolar! Tenho muito raiva de quem não sabe se controlar e vem descontrolar a gente!!! Dá vontade de bater muito! Do tipo, " se coça prá cuidar da sua vida! Me deixa cuidar da minha em paz!"

Vai entender... vai entender!

muito ruim lembrar de você assim...você nem sabe o quanto. Com o coração apertado, eu fecho a sua gaveta...cheia de facas, papéis sujos, lâminas e umidade de lágrimas...só muito lá no fundo, onde ninguém mais vê, um faixo de luz chamado "seja feliz".

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