1.6.13

hidra

É uma vida movida à água. Emoção é o que chamo de água. Não é qualquer água, lógico, senão nem gastaria símbolo, deixaria simplesmente ser. Não fosse algo tão além de minhas palavras, tão além de minhas explanações nem gastaria magia molhada para tentar expressar. Só o que já está e é tanto para me ajudar a expressar.

É uma vida que precisa se sentir refrescada, hidratada. É...

...Nos traços que se despejam dessa caneta estampam-se os símbolos dessa necessidade toda.

No braço desse pequeno instrumento esboço a valsa molhada que me esculpirá nos ares de agora. Será que chego nessa água toda? Será que havendo mediador (ainda que algo que possa potencializar o que sinto) consigo dizer exatamente o que preciso. Será que consigo sentir nesse som o que realmente sinto quando calada?
Estive calada por tanto tempo e ainda me calo muito...
...melhor dizer que me calo da boca para fora.
Me calo, mas amo...
E enquanto vocês me contam sobre os amores de vozes eu amo vezes e vezes mais, amo por todos nós.



20.5.13

N'água (Árvore Vermelha)

"São mergulhos e são fundos... não pesam, mas são mergulhos pesados, sem muita volta.
Os meus olhos não ficam turvos, eu não perco nada de vista, mas a minha visão se distancia.
Num átimo de segundo eu estou vivenciando um pequeno flash em sua mais absoluta profundidade.
Não há de ser doença simplesmente, algo de divino deve haver nisso, não é possível!
Soubessem os doutores quanta coisa linda eu vivo nesses meus mergulhos, certamente pensariam melhor. Pudesse carregar os meus para isso...ah...(risos)Quantas viagens!
"




Eram cordas puxadas de cima de uma ponte, um ponto, uma lindeza arquitetônica que só poderia ser vista de fato, completamente, ali, naquele horário, naquela situação.
Não bastasse a beleza de ver aquele imenso balanço em pleno Viaduto do Chá, ver inúmeras pessoas ali para se balançar, ver pessoas correndo de todos os lugares com um brilho surreal nos olhos fez pensar que a vida tem sentido!

 Mas não tem saída! Viver é a saída!
Fazer valer é a saída até que sejamos convidados a deixar tudo isso de verdade.

Iam todos, eram muitos, corriam...

Era onírico, tudo!
A luz da madrugada, a iluminação do lugar, a mistura do sombrio com o encantado, era um sonho... um sonho onde felizmente eu tinha uma mão para segurar e não precisava temer. O que podia fazer ali se não deixar meus olhos espelharem nas lágrimas presas o meu encanto: os balanços, imenos balanços pendendo do Viaduto do Chá?

Meu coração parou. Parou? Parou ou relaxou? Relaxou... relaxou. A vida tem sentido. Existe remédio prá tanta dor, existe equilíbrio prá tanta loucura e não precisa ir longe, e não precisa de muito.

Detalhes são coisas, né? Coisas realmente importantes. Afinal, o que seria daqueles imensos balanços lindos e encantadores sem as benditas bandeirolas presas à eles? Chego a pensar que foram elas que me tomaram os olhos, foram elas que me desmancharam o coração. As bandeirolas! Pareciam pequenas, mas deviam ser imensas! Ditavam o movimento de cada balaço individualmente. Tremulavam, mas não enlouqueciam, graças ao formato e a forma de dar o nó. Que bandeiras especiais!!! Remeteram-me aos livros da CosacNaif que tive o prazer de conhecer há não muito tempo atrás. Que coisa encantada e ... trivial, pequena!
A vida tem dessas, né, de se fazer valer à pena quando menos se espera, nas pequenezas.

Vivi muitas coisas naquela madrugada, naquela manhã, na tarde que veio em seguida...
Mas parte de mim - meu coração - ia bater lá em dados momentos, naquele gramado, naquele mesmo ângulo, do mesmo jeitinho de quando eu olhei sem saber, sem esperar.
Como foi especial!!!

Lembrei imediatamente da "Árvore Vermelha". E, talvez insconscientemente, tenha me remetido imediatamente à MINHA "Árvore Vermelha" aquele balanço todo.

Senhores escritores e ilustradores incríveis,

em meu nome e dos seres que, assim como eu, vibram por eternidades ao ler, ver e viver suas criações, peço:

Criem! Salvem o mundo mesmo! Eu já me sinto mais em terra firme depois de sexta.

Glória!!!

3.5.13

Rising Moon

"O olhar da lua por entre as àrvores como se, à meia luz, o Sol descesse"


Eu precisava que a lua soubesse que não a quero de outra cor que não a dela mesma. Se em algum momento a lua voltar a ser prata, ou quiser azul... verde talvez, eu aceito e topo.
Não serei sempre da mesma cor. Aliás, ser da mesma cor seria o raro para essa estrela tão movimentada. Rasaremos o céu assim, sendo de todas as cores que tivermos direito e jogaremos com estas formando novos rastros a cada dia. E se um dia cairmos no mar, rasaremos seu fundo, reinventaremos a posição dos astros. "Manchete: Lua e Estrela agora dançam no fundo do mar!"











15.4.13

Noite de festa, noite de lua!

Foi um salto no escuro, salto que eu nem vi, salto ao qual fui lançada. Mas foi bem um pedido aos céus -pedido esquecido- que me fez estar onde estou. E estou...completa, repleta, desperta, aberta. É como se meu peito rasgasse, como quando o espreguiçar vem seguido de um gemido gozozo de paz. É isso! Um amanhecer com a lua me olhando de frente. É isso!
A lua me guardava o sono o tempo todo. Lua mesma que me fez dormir...e a mesma me mantém lúcida, ao passo que me desconcerta, me desconecta, me projeta ao céu.
Sou eu essa estrela completamente nua, completamente liberta, completamente no mar azul do céu, sua casa. Sem ver findar o horizonte, sem ver onde o breu d'água abraça o ar, só vejo a imensa curva me sorrindo enorme.
A Lua tranquila me rege as marés e eu vou em paz, remando nesse misto de céu e mar. Guia meus pés nesse vôo onde o chão nem existe. Anuncia, lua, em meu ouvido qual será a trilha dessa nossa dança. Meu corpo não cansa de desejar o teu em pleno movimento, sorrindo....sorrindo...
Ama, lua, teu momento de amaciar o céu com teus passos, tua lucidez, dança...tua loucura rasga o chão d'água que cansou de não se deixar penetrar. Avança lua! Chegou a tua hora de inventar um novo céu. Um céu onde a lua é que baila e apenas uma estrela varia entre acompanhar teus passos e te observar enquanto é som.